Nossa última atividade de 2012 fazia parte de um bloco de atividades, com o objetivo de explorar os espaços da comuna. Nossa intenção era de que as crianças pudessem intervir num espaço do projeto com alguns materiais diferentes. Para tornar mais divertido, introduzimos a ideia da guerra de bexigas d’água.
Os materiais utilizados para a intervenção foram papelões, tecidos, papéis, tintas, fitas adesivas e cordas. (Os papelões conseguimos gratuitamente de supermercados, enquanto os tecidos foram doados por um amigo da FAU, Thiago Lee. As bexigas foram compradas com a verba que temos da Pró-Reitoria e outros materiais, como papel, barbante, cola, etc. vieram da Ciranda¹.)
Nós também convidamos alguns colegas: Ana Paixão, Flávio, Natália, Ari, Mariana e Ana Paula. Eles nos ajudaram na operação desta atividade, que necessitava de muitas pessoas para organizar as crianças, encher as bexigas de água, ajudar as crianças a executar suas ideias na intervenção dos espaços, etc. E eles, claro, também participaram da brincadeira em si, que era a Batalha de Bexigas!
A princípio, tínhamos pensado em dois lugares para intervenções: um espaço existente entre o atual parquinho e a Ciranda, e, o espaço da Plenária². Porém, no dia da atividade, percebemos que apesar de esses espaços estarem muito próximos, não eram seguros para uma Batalha de Bexigas. Pedimos, então, que as crianças ocupassem apenas o espaço entre a Ciranda e o parquinho.
Crianças, extensionistas e convidados foram divididos em dois grupos. Cada grupo tinha seu espaço, e, material de intervenção. Houve um tempo para que os grupos construíssem seus cenários e entregamos suas bandeiras para que as escondessem. O objetivo era que quando a batalha começasse, um grupo fosse atrás da bandeira do outro, vencendo quem conseguisse fazer isso primeiro.
Os grupos foram muito criativos na montagem de seus espaços: amarraram tecidos nas árvores, fizeram uma pequena cabana, criaram barreiras. Inclusive, algumas crianças montaram vestimentas como armaduras, escudos, faixas de cabeça, capacetes, máscaras.
Para nós, extensionistas, era muito claro que tínhamos atingido o objetivo principal: a intervenção no espaço com aqueles materiais. No entanto, não sabemos se para as lideranças da Comuna e para as crianças isso ficou claro. Apesar do longo tempo que elas passaram intervindo no espaço, aparentemente, elas entenderam que aquele não era o objetivo principal, e sim, a batalha de bexigas.
Ainda assim, saímos satisfeitos com a atividade, pois as crianças foram além do esperado: não apenas intervieram no espaço, mas também foram capazes de se colocar naquele espaço transformado e transformar a si mesmos, criando além do cenário, um figurino para a batalha.
Nós, arquitetos, muito preocupados com as questões espaciais, pensamos muito pouco nas outras possibilidades de intervenção. Enquanto que para as crianças não há limites para o que possa ser imaginado e criado. Isso reforçou uma ideia que já tínhamos antes de iniciar nossas atividades: queremos brinquedos que não sejam limitadores da capacidade criativa das crianças. Afinal, brincar não se restringe a brincadeiras e brinquedos com nome e regras. Tudo é brincadeira.
1. Ciranda é o espaço que abriga as crianças no período em que não estão na escola convencional. Na Comuna Dom Tomás Balduíno, a Ciranda está provisoriamente em uma casa que abrigaria a farmácia.
2. Plenária é um espaço como um anfiteatro. Foi construída para as assembleias e reuniões da comuna.